
Agrofloresta sucessional






Planejamos e manejamos agroflorestas sucessionais com diferentes níveis de complexidade e diversidade biológica, originadas principalmente a partir de pastagens, cultivos agrícolas mistos e áreas degradadas ou abandonadas pela agricultura. Em outras palavras, nossas agroflorestas são construídas a partir da diversidade e estrutura das comunidades vegetais (plantas cultivadas e espontâneas, nativas e exóticas) existentes no momento em que iniciamos o trabalho em cada sítio de manejo, sempre levando em consideração o foco na produção de madeiras, a qualidade do solo e o potencial produtivo presumido de cada local. Como a fazenda Sucupira é formada por várias pequenas propriedades, adquiridas em diferentes momentos e com distintos históricos de uso, nós trabalhamos em um território que consiste em um mosaico de diferentes sistemas produtivos, entremeados por remanescentes de florestas secundárias (Mata Atlântica - Floresta Ombrófila Densa Submontana).
Nossas agroflorestas não têm um número mínimo ou máximo de indivíduos ou espécies vegetais, sejam elas de interesse comercial ou não. Como há vários consórcios possíveis, que são modificados à medida que a agrofloresta evolui, diversas espécies e arranjos são testados quanto à sua viabilidade econômica e ecológica. A produção madeireira ocorre de modo contínuo, pois plantamos espécies com diferentes ritmos de crescimento e exigências ecológicas, e novos plantios e replantios são realizados sempre após as grandes intervenções que ocorrem nos sítios de manejo (desbastes, podas, colheitas, quedas naturais de árvores etc). Sob o ponto de vista silvicultural, nossa produção de madeira é realizada em florestas mistas inequiâneas e estratificadas, sem que haja corte raso total em nenhum local e em nenhum momento.
Quando colhermos as primeiras toras maduras de mognos africanos, que são as espécies madeireiras mais precoces com as quais trabalhamos, plantaremos novamente estas espécies entre as árvores de cedro (Cedrela fissilis e C. odorata), vinhático (Plathymenia foliolosa), jacarandá caviúna (Dalbergia nigra), pau brasil (Paubrasilia echinata), entre outras, que a esta altura já serão as "donas" do dossel. Nas clareiras formadas pelas quedas de árvores, desde os primeiros desbastes, produzimos alimentos para pessoas e outros animais, aproveitando a melhoria da qualidade do solo e o microclima estável proporcionados pelo desenvolvimento da agrofloresta.
Esse modelo reproduz boas práticas de diversos sistemas agroflorestais, mas não segue nenhum deles à risca. Esperamos que a combinação de resultados positivos e o aprendizado obtido com nossos erros nos proporcione segurança alimentar, felicidade, retorno financeiro e compartilhamento de experiências, fortalecendo as agroflorestas como instrumento de uma nova revolução verde.
Para ter uma ideia mais clara, apresentamos abaixo o vídeo que representa o funcionamento de um dos modelos juntamente com a lista de espécies que o compõe.